Nossa História


            Foi em Uruguaiana, cidade fronteiriça, onde se deu a nossa primeira presença em solo gaúcho. Frei Constâncio do Sagrado Coração, foi o pioneiro dessas fundações no sul do Brasil, homem de intensa vida apostólica chegou em 24 de dezembro de 1910 no Uruguai com o intuito de fundar na cidade de Montevidéu. Houve grande resistência tanto da parte do poder civil como dos prelados para conceder a licença necessária.
            P. José Gambá, salesiano italiano, sabendo da situação em que os padres carmelitas se encontravam e das necessidades pastorais do Brasil, aconselhou que tentassem fundar no estado do Rio Grande do Sul. Frei Constâncio por meio do referido padre entrou em contato com o arcebispo de Porto Alegre, D. Cláudio José Gonçalves Ponce de Leão, que logo manifestou grande contentamento e acolheu como um presente dos céus esta Ordem, pois um dos seus grandes tormentos era a escassez de sacerdotes em que se encontrava a sua arquidiocese.
            Em carta datada em 19 de janeiro de 1911, D. Cláudio Ponce de Leão sugere a cidade de Uruguaiana para ser berço do Carmelo em solo Rio-grandense. “Parece-me que o melhor lugar para essa fundação será a cidade de Uruguaiana, já escolhida para sede de uma nova diocese, criada por Bula de 13 de Agosto de 1910, que espero será provida de seu Bispo Diocesano no corrente ano”. “Todo esse povo do Rio Grande do Sul pode considerar-se como – Terra Virgem – e portanto muito próprio para produzir abundantes frutos de salvação para os bons operários do Senhor que a queiram trabalhar”.
            Em 11 de abril de 1911, D. Cláudio Ponce de Leão concedeu aos Carmelitas Descalços faculdade para fundar em Uruguaiana que contava com uma população de aproximadamente 30 mil pessoas, fazendo fronteira com a Argentina, sendo separada somente pelo rio Uruguai. O Definitório Provincial de São Joaquim de Navarra aceitou como casa provisória. O Definitório Geral aprovou a fundação com data 8 de fevereiro de 1912. Em 8 de setembro de 1913 a Santa Sé expediu o decreto de ereção canônica.
            No dia 28 de abril de 1911, chegaram em Uruguaiana juntamente com o Frei Constâncio, o Frei Julião de São José, Frei Manoel da Mãe de Deus, Frei Serafim de Santa Teresa, Frei Paulino de São José, e os Irmãos Nicolau da Virgem do Carmo e Lourenço de São Martinho, para realizar essa fundação. No dia 7 de maio de 1911, festividade de São José, tomaram posse da humilde capela dedicada à Imaculada Conceição, situada no Porto, ao lado da Praça Paysandu, denominada mais tarde de Praça Pedro II, Rua Vasco Alves.
Primeira capela dos freis carmelitas
            O primeiro convento provisório foi um pequeno prédio urbano localizado na Rua Duque de Caxias Nº 39. Ficaram nessa residência os Padres Frei Serafim de Santa Teresa e Frei Paulino de São José, com o Irmão Frei Nicolau da Virgem do Carmo. Sendo os padres Frei Julião de São José e Frei Manoel da Mãe de Deus e o Irmão Lourenço de São Martinho enviados para a fundação de São Borja. Em 1912 os frades conseguiram adquirir uma casa com um terreno que estava localizado ao lado da capela, sendo este o segundo convento provisório. Somente em 24 de novembro de 1945 foi inaugurado o novo e definitivo convento.
Comunidade junto ao carro utilizado para a evangelização na década de 1950.
            Nossos religiosos tiveram que sofrer muito, tolerar calúnias e até sofrer ameaças de vida, devido a cultura anticlerical que reinava nessas terras. Mas aos poucos os cultos na capela da Imaculada Conceição passaram a ser bem concorridos e os frutos das primeiras comunhões e de outros que voltavam a prática da religião foram se somando  a muitos outros frutos desse zeloso trabalho, que logo recebeu o reconhecimento do arcebispo de Porto Alegre.
            Os frades de Uruguaiana também tiveram a seu encargo durante 10 anos (1918-1928) a Paróquia Catedral, além de serem os capelães das Irmãs da Escola Nossa Senhora do Horto, dos Irmãos Maristas e do Hospital da cidade. Percorriam anualmente a extensa campanha visitando as famílias e administrando os sacramentos.
            Em 1928, D. Hermeto José Pinheiro entregou aos carmelitas a então fundada paróquia da Imaculada Conceição, que começou a funcionar na própria Capela do Porto. Foi seu primeiro pároco o padre Frei Brocardo de São José, que tomou posse no dia 9 de agosto. Em 16 de julho de 1933 na solenidade de Nossa Senhora do Carmo, D. Antônio Reis, bispo de Santa Maria, lança a benção sobre a pedra fundamental do novo templo a ser levantado em substituição da capela, sendo superior e pároco nessa ocasião o Frei Rodrigo de Santa Teresa.
            A nova igreja de estilo gótico teria como titular Nossa Senhora do Carmo. O autor do projeto, arquiteto e diretor das obras foi o Ir. Mariano de São José. Em 31 de dezembro de 1934 o bispo diocesano D. Hermeto inaugurou a nave direita que serviria de capela provisória. Com essa inauguração as obras pararam. Somente em 1º de julho de 1949 as obras recomeçaram. A igreja só foi terminada em 1960.
            Ao longo desses cem anos os freis carmelitas buscaram transmitir nessas terras o ideal carismático de Santa Teresa e de São João da Cruz, com fidelidade criativa, sendo sinal de Deus na vida desse povo fronteiriço. Nesse Ano Jubilar elevamos um grande louvor a Deus por sermos instrumentos de sua graça na vida de tantas pessoas. Nossa gratidão a todo o povo que fez e que continua fazendo parte de nossa história.                                                                                                                   
fr. Everton B. Machado, ocd
Londrina-PR


Nossa Igreja atual.